"Gordura é formosura", é um conhecido adágio popular que marcou uma longa época da história e das culturas humanas. Hoje, esta afirmação é aberrante e comprovadamente errada. E não apenas por motivos culturais ou de conceito de estética, mas por motivos cientificamente sustentados. Alguns cientistas chegam mesmo a considerar que a Obesidade é a epidemia do Século XXI.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define-a como "... um acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal que pode atingir graus capazes de afetarem a saúde. É uma doença crónica, de origem multifatorial e está associada a doenças crónico-degenerativas."
Esta definição demonstra claramente que a gordura perdeu toda a formosura. Há estudos científicos sérios que o provam, em muitos países. A Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação, realizou um estudo na população adulta portuguesa (18-93 anos), tendo concluído que 38,2% das mulheres e 64,5% dos homens têm Pré-Obesidade e Obesidade.
Citada pela Direcção-Geral da Saúde, num documento disponível no respectivo sítio, a OMS (Organização Mundial da Saúde) refere que todos os anos morrem no mundo 2,8 milhões de pessoas, como resultado do excesso de peso. A mesma organização mostra que, em 2008, mais de 1.400 milhões de adultos com mais de 20 anos tinham excesso de peso. No mesmo ano, mais de 200 milhões de homens e quase 300 milhões de mulheres eram obesos e, o que assusta ainda mais, em 2011, mais de 40 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade, estavam acima do peso recomendado."
Excesso de Peso, Pré-Obesidade e Obesidade, são alguns dos termos associados a esta autêntica Pandemia (epidemia que atinge vários países e/ou regiões do Planeta).
No quadro seguinte poderemos perceber o significado deste e outros termos relacionados com a Obesidade:
Classificação da Obesidade, segundo o IMC (Índice de Massa Corporal)
IMC ≤ 18 Kg/m² |
Baixo Peso (peso inferior ao normal) |
IMC > 18 < 25 Kg/m² |
Normal |
IMC ≥ 25 Kg/m² |
Excesso de Peso |
IMC > 25 < 30 Kg/m² |
Pré-Obesidade |
IMC ≥ 30 Kg/m² |
Obesidade |
IMC > 30 < 35 Kg/m² |
Obesidade moderada (grau ou classe I) |
IMC > 35 < 40 Kg/m² |
Obesidade grave (grau ou classe II) |
IMC ≥ 40 Kg/m² |
Obesidade mórbida (grau ou classe III) |
Mas, surge outro termo a esclarecer: IMC. Corresponde às iniciais de Índice de Massa Corporal. Este é calculado dividindo o peso (em kilos) pela altura/estatura (em metros), elevada ao quadrado. Por exemplo:
Peso - 80 kg; Altura - 1,68 m. IMC = 80 kg : (1,68 m x 1,68 m) = 80 kg : 2,82 m² = 28,37 Kg/m²
No micro-sítio da Obesidade, inserido no sítio da Direcção-Geral da Saúde (DGS), encontrará um fácil e interessante calculador de IMC, com relatório final.
Mas, há outros parâmetros de Obesidade, como seja a sua distribuição: centrífuga (corpo em forma de pera) ou centrípeta (corpo em forma de maçã), esta última relacionada com a terrível obesidade abdominal, também avaliável pelo perímetro abdominal.
Nível de Risco |
Masculino |
Feminino |
Risco Aumentado |
≥ 94 |
≥ 80 |
Risco Muito Aumentado |
≥ 102 |
≥ 88 |
Para medir o Perímetro Abdominal, use uma fita métrica, aplicando-a entre o rebordo inferior da última costela e a crista ilíaca (zona correspondente à cintura). Na seguinte ligação (DGS), encontrará uma explicação e um calculador de risco, segundo o perímetro abdominal:
Os problemas levantados pela Obesidade são vários e mais sérios do que a maioria dos obesos suspeita. Vejamos:
Em resumo, a Obesidade estraga a vida do obeso e pode mesmo matá-lo precocemente.
Pior será se a Obesidade estiver associada a outros factores de risco, tais como: tabagismo; uso de bebidas alcoólicas; stresse; ingestão habitual e abundante de gorduras; uso de açúcar; sedentarismo; doenças crónicas associadas.
Este ciclo vicioso deve ser quebrado quanto antes, para que os benefícios da redução/normalização do peso possam ser desfrutados.
Existem abundantes artigos científicos e estudos, quer a nível nacional, quer estrangeiros, que fundamentam o que resumimos, a seguir. Também encontrará várias orientações no já referido sítio da DGS, microsítio da Obesidade.
Concluímos que a vida dos obesos corre perigo e é de qualidade precária, sujeita a variada morbilidade e problemas. Por isso, a verdadeira formosura está, não na gordura, mas na saúde. Diríamos, Saúde é Formosura!
As boas notícias são que isso está ao alcance de todos os que buscam estilos de vida saudáveis, ao adoptarem comportamentos saudáveis, como os que acabamos de enumerar. Viverão mais e melhor. Adicionarão "créditos" a favor da felicidade.
Saúde e Bem-estar (capítulo 3), Mark Finley e Peter Landless, Servir, Lisboa 2014
Direcção-Geral da Saúde
Nota: o autor não aplicou o Acordo Ortográfico